terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Dupla Improvável


                                   


O domingo era chuvoso, mas quente, o clima estava abafado e a temperatura dentro da residência teimava em não diminuir, com as janelas fechadas e as cortinas cobrindo a visão da rua, só se ouvi os gemidos e o ranger do grande portão. Daniel já não aguentava mais essa situação, mesmo sabendo que era sua única escolha, a impaciência aumenta a cada olhada em seu WhatsApp com sua mensagem não visualizada, já fazia mais de sete horas a última vez que seu pai havia respondido.
Ele soube com a primeira notícia de quinta-feira que o mundo mudara, tudo parecia como nos filmes que ele era fã, mas como sempre a família achou que era mais uma paranoia de algum blogueiro ou de algum site de cristãos extremistas, e não deixaram de ir para o litoral. Daniel estava sozinho a própria sorte, mas como informação é tudo, sua sorte foi aumentando conforme os dias foram passando. Ele tinha uma boa quantidade de comida e agua, seus portões eram reforçados e as janelas todas com grades, mas faltava uma arma, não que ele já tenha atirado alguma vez, mas a sensação de segurança seria maior.
Os cadáveres saiam e voltavam para seu portão e mesmo com o silencio absoluto e sem nenhuma iluminação, os mortos insistiam ali.
-- eu fiz tudo certo, mantive o silencio, não chamei a atenção e mesmo assim eles continuam aqui, parecem que sabem que tem alguém vivo, parecem que esperam na fila de um servi servisse e adivinha qual é o prato principal.
-- Já peguei todas as dicas possíveis da internet, mas parece que ninguém tem de fato algo de real, tudo foi baseado no que viram em filmes, chego a duvidar que vampiros tenham medo de alho.
A chuva fica mais forte, os pingos que caem nas telhas parecem metralhadoras estalando em um combate, sua mente tenta se acalmar Daniel, senta novamente em frente ao computador atrás de alguma novidade, mas continuam as mesmas, os canais de notícia não trouxeram nada nas últimas horas e as mensagens do twitter e facebook, continuam desencontradas, até os vídeos de ataques continuam os mesmos.
Quando ele começava a planejar uma movimentação pelas ruas da Vila Prudente, ouve uma batida fraca na porta e uma voz que sussurrava.
-- Me ajude, por favor, não aguento mais ficar aqui fora.
-- Por favor, senão eu começarei a gritar.
Daniel com seus uns metro e setenta e poucos, cabelos loiro claro e mais de cem quilos, levanta seu corpanzil e abre a porta com um pé de cama na mão, quando ele vê a figura pequena, magra, descabelada, com uma jaqueta que passa do joelho e toda molhada.
- Quem é você e como entrou aqui?
- Deixa eu entrar que te conto tudo o que você quiser
- Ok, entra logo
- Muito obrigada, eu sou a Kelly, moro na rua de baixo e no desespero pulei seu portão de madrugada e acabei sofrendo um corte na perna
O corte não era grande, mas foi o bastante para espalhar sangue na garagem.
- Droga, foi por sua culpa que eles continuam no meu portão, estão sentindo o cheiro do seu sangue, vamos fechar isso.
- Desculpe senhor, mas eu não sabia que eles sentiam cheiro do sangue
- Não me chame de senhor menininha, quantos anos você tem?
- Tenho doze, mas falam que pareço mais velha.
- É está bom
Daniel dá uma última olhada nos corpos mortos que se ajuntam em seu portão, e encara diretamente um zumbi alto e forte com um o braço direito destroçado até o cotovelo e com a caixa torácica aparente, ele vê a morte de pé e volta se trancar.
- Vamos para o banheiro Kelly, vou fechar isso antes infeccione.
A menina não responde nada e somente acompanha até o banheiro. Já no banheiro Daniel joga uma toalha em cima de Kelly e diz.
- Se lava que você está toda molhada e lava essa feriada enquanto vou procurar alguma roupa para você.
Ele sai e fecha a porta, Kelly assustada, como não poderia ser diferente, tranca a porta, joga sua roupa molhada no chão e começa a tomar seu banho quente, ela vai ficando relaxada e todo o cansaço e tensão dos últimos dias recaem em seus ombros e de repente, Kelly está novamente nos braços quentes de sua mãe dentro do quarto enquanto seu pai luta com um pedaço de madeira contra as pessoas que invadiram sua casa, o cheiro de podre toma o ar e os gritos de esforço aumentam cada vez mais.
- São muitos, não vou aguentar mais, se esconde com a menina.
E um grito de dor junto com um palavrão é emitido
-- Aiii, malditos saiam daqui, não, não, parem, parem HAAAAAAAAAA.
Kelly ouve duas batidas na porta e acorda se debatendo dentro da banheira gritando por seu pai.
- Kelly, se acalma e abre a porta, você está segura agora.
E Kelly percebe que tudo não passou de um pesadelo.
- Vamos Kelly, abre essa porta eu trouxe algumas roupas da minha irmã.
A menina tremula e pálida toda enrolada na toalha abre a porta só um pouco e pelo vão ele passa as roupas para ela. As roupas caíram como uma luva e por um momento ela pensou que as coisas poderiam voltar a ser o que eram.
- Já se vestiu?
- Já sim
- Então vou entrar para tratar de sua perna.
Quando Daniel segurou a perna da garota, viu que de fato o ferimento não era grave e nada que um mertiolate não dessa conta.
- Toma aí, põem isso na boca, pois vai arder bastante.
Sem perder tempo, Kelly morde uma toalha de banho enquanto Daniel passa o liquido em sua ferida.
- Humo, como arde.
- Pronto já passei, agora é só fechar.
Ele pega uma gaze, coloca sobre a ferida e a enrola com esparadrapo.
- Pronto em um ou dois dias já está melhor.
- Você está com fome?
- Sim, não como faz tempo.
Eles descem até a cozinha e Daniel começa a fritar uns bifes e alguns ovos.
- Olha é o que eu sei fazer.
- Para mim já está ótimo.
Kellly começa a comer o bife a cavalo como se nunca tivesse visto comida em sua vida, aquele era um manjar dos deuses, mas mesmo após se alimentarem, Daniel volta a pensar em sua saída de casa, ele tem comida e agua para uns bons dias, mas volta a pensar na arma.
- Menininha, vou ter que sair logo mais
- Aonde você vai?
- Preciso passar em um lugar e já volto
- Não vou ficar sozinha aqui
- Mas á fora é perigoso
- Eu sei disso melhor do que você
- E o que uma menina de dez anos sabe
- Sei que tenho doze anos, sei que minha mãe e meu morreram lá fora, sei que tem um monte de monstros também, sei que pulei seu portão e estou viva e sei que não vou ficar sozinha aqui, se você não voltar....
- Eu vou voltar
- Não vai não, meu pai disse que não iria morrer e morreu
- Não sou seu pai e sei o que fazer
- E o que um garoto gordo sabe fazer
- Não sou garoto, tenho 21
No meio da discussão, Daniel ouve o barulho de mensagem do WhatsApp, ele corre para pegar o celular, quando ele pega seu smart na mão vê que a mensagem é de seu pai, ele abre a mensagem e vê uma sequência de letras sem sentido nenhum e responde com “ o que isso significa? ”, espera um pouco e não houve resposta e nem visualização. O rapaz gordo se põe a chorar no meio da sala entendendo que aquilo era o fim de sua família.
Kelly se aproxima de Daniel, que chorava no chão, e passa a mão em suas costas como um gesto de solidariedade
- Não fica assim, sei que é difícil.
E os dois se abraçam e choram juntos a perda de suas famílias.
- Viu porque não quero ficar aqui sozinha?
Ainda choroso e fungando o nariz ele responde
- Eu entendi, ainda não tinha sentido a sensação de estar totalmente só, apesar de já estar sozinho a dias.
- Mas ainda precisamos de uma arma.
Ele olha para o pedaço de madeira em suas mãos
- Isso não vai aguentar muito tempo.
Kelly somente acena fazendo sinal de positivo com a cabeça
- Bom o plano é o seguinte, eu ia de bike até o posto polícia que fica no largo e voltaria o mais rápido possível.
- Esse era o plano? E se você for encurralado?
- Eles são lentos, mais lentos do que eu
- E você vai aguentar subir a rua toda correndo
- Acho que sim.
- Hahahahahahaha, duvido.
Daniel olha meio que com raiva daquele comentário
- E você?
- Bom eu sobrevivi lá fora por mais de vinte minutos, já está bom para uma menininha, não é?
- E como você vai tirar os monstros da sua porta?
- Não são monstros, são zumbis.
- Está são zumbis, mas como você vai tirar eles do portão?
- Ainda estou pensando nisso, antes de você aparecer não tinha nenhum
- A culpa é minha?
- Não foi o que eu disse.
A menina começa a ameaçar um choro.
- Não chora não, desculpa, a culpa não é sua. E é melhor a gente descansar para clarear as ideias.
E os dois se ajeitaram nos colchões que estavam no chão daquela sala quente.


Continua...............................................


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Baile Maldito

                                                   Baile Maldito

A noite de sexta feira sempre promete, Aninha, uma garota de dezessete nos olhos castanhos e cabelo negro comprido, com um corpo exuberante que só a beleza juvenil consegue alcançar, se prepara para mais uma festa na comunidade, foram horas se arrumando, passando diversos tipos de maquiagens sem contar o tempo gasto para ajeitar seu cabelo, já ao som de um funk que já fazia seu corpo se movimentar.
Após se arrumar ela vai para a quadra da comunidade onde acontece todos os finais de semana um evento. O local já estava cheio quando ela chegou e nem era meia noite ainda, Ana encontra suas amigas, Angélica uma menina loira, com olhos azuis chamativos que era apelidada de galega e Marcia, uma negra com cabelos cacheados e um estonteante par de pernas.
-- Oi meninas, hoje o baile promete
-- Oi amiga, você viu? O Carlinhos falou que vai vir só para te encontrar
-- Esse cara é chato, metido a comedor, mas essa carne aqui ele não vai ver
-- Nossa para que tudo isso então? Diz Marcia apontando para o vestidinho curto que deixava as pernas em amostra.
-- Não sei, mas para aquele bicho feio não é

As meninas já estavam bebendo um drink que era a mistura de vodka com energético, só para dar uma descontraída maior. O baile começa e o som alto do funk as faz dançar e claro os homens e garotos se aproximam do grupo das três meninas que mais chamavam a atenção na da festa.
Passaram horas ali praticamente no mesmo lugar rodeadas de homens, quando Aninha resolve dar uma circulada, com suas amigas, pelo salão elas notam um tipo de dança diferente, onde um homem e uma mulher parecem morder o pescoço de outra menina.
-- Nossa essa dança eu nunca vi
-- Deve ser alguma dança nova, mas não sei para qual som. Já que toda música tem um tipo diferente de dança.
-- Não sei amiga, essa é meio estranha.
-- Eu nem posso, se eu chegar em casa com umas marcas de mordida no pescoço meu namorado me mata, ele não pode nem sonhar que estive aqui hoje.
O que elas não notaram era que a camiseta que a menina vestia não era vermelha. E não demorou muito para essa novidade se espalhar pelo salão, logo a grande maioria estava dançando daquela forma estranha.
As meninas voltam para seu lugar no salão e logo dois homens se aproximam para realizar a dança com uma das amigas de Ana. A galera não pensou duas vezes e se jogou na dança e aparentemente aquilo a deixava excitada, as amigas ficaram olhando para a cena e começaram a querer entrar na dança, quando um grito de horror cortou o salão no momento em que a música era trocada.
Elas olharam para a direção de onde veio o grito, mas só viu um corpo no chão com várias pessoas em cima do corpo.
-- Nossa o pessoal está pegando pesado, não é a primeira vez que tem uma transa aqui, mas nossas cinco seis pessoas em cima é a primeira que eu vejo.
-- Que horror, eu não teria coragem de fazer isso aqui não.
O baile continua e sua amiga galega parece cada vez mais largada aos braços de dois homens que continuaram a dança mesmo sem o som. No momento em que a música retorna a preencher o salão, três homens e uma mulher, todos com a roupa suja de algo escuro se aproximam das meninas, eles não falam nada somente se ouve um gemido.
--Huurrrrr
--Sai daqui o seu loki
Mas as pessoas continuam avançando
Quando o primeiro se aproxima de Ana, ela o empurra e o homem cai em cima do outro rapaz que estava beijando sua amiga no chão. A pessoa que caiu por cima começou a morder o ombro do rapaz que estava por baixo e ele soltou um grito.
-- Porra seu viado é para morder as mulheres. E ele empurra a cara para o lado
De repente o salão virou uma briga generalizada e o sangue se espalha pelo salão
Aninha e sua amiga ficam horrorizadas com a cena já que a mordida foi de arrancar um pedaço do rapaz e não percebem a briga e nem que o outro grupo agora com três pessoas estão muito perto.
Um deles segura o cabelo de Marcia e a puxa para sua boca que dá uma bela dentada naquele pescoço carnudo, ela grita, mas nada impede dos outros começarem a morder ela também.  Aninha empurra um dos homens que estão atacando sua amiga e vê o sangue escorrendo por sua boca, já não é mais a música que se espalha pelo salão e sim o cheiro do sangue, a sensação não é mais a mesma, ela começa a notar pedaços sendo arrancados com a boca de suas duas amigas sendo comidas literalmente no chão da quadra e mais pessoas agora todas meio cambaleantes se aproximam, todas sujas de sangue do pé a cabeça.
Aninha tenta novamente ajudar sua amiga, mas quando ela resolve puxar um homem que a atacava, ela toma uma mordida o braço, o que a deixa em choque, ela tira os sapatos de salto para começar a correr quando um dos homens também todo sujo fecha seu caminho. Aninha tenta empurra-lo, mas a dor no seu braço e muito grande e ela perde força ao fazer o movimento de empurrar, o homem agarra seu membro e em um reflexo rápido aninha acerta com o salto de seu sapato o olho do homem que lhe agredia, o homem cambaleou para trás e caiu sem nenhum movimento
Sem pensar duas vezes ela sai correndo e pula um corpo todo destroçado caído na entrada do salão, já passava da meia noite e ela nunca tinha visto tanto movimento e corre corre dentro da comunidade, o barulho de tiros e a gritaria tomavam o local. Ana desesperada tenta voltar para sua casa, mas na outra esquina vê mais um grupo atacando um senhor de idade, ela tenta ir na direção contraria, mas algo a impede seu próprio corpo já não ajuda mais, as pernas cambaleiam um calafrio sobe por sua espinha sua visão começa a ficar turva justamente quando um homem com seu estomago a mostra começa a se aproximar.
 Na tentativa de sair dali ela tropeça em uma pedra e cai no chão, seu corpo estatelado não tem forças para levantar, sua visão só consegue enxergar um volto muito próximo se abaixando em sua direção, ao sentir uma dor aguda em seu seio esquerdo e como se mãos a abrissem por dentro sua única reação foi um grito.

-- Baile Malditooooooooooo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Último Trago

                                                   Último Trago



Fazia sol, o sábado estava quente demais, mas essa é uma das situações perfeitas para o Carlos, um senhor de 55 anos, magro e com os cabelos grisalhos, tomar sua cerveja enquanto espera o começo da partida de seu time do coração, principalmente porque sua esposa conhecida no bairro como Dona Mara, com seus aparentes 50 anos de cabelos negro cacheados e seus mórbidos 160kg, estava no salão de beleza tentando manter uma imagem jovial.
Como de costume Carlos já havia ajeitado sua cadeira de praia na laje com seu isopor cheio de latas e uma mesinha para apoiar sua tv de 30 polegadas. O jogo já estava para começar, a emoção cresce dentro de Carlos por conta de seu fanatismo, seu time começa bem a partida o que tranquiliza Carlos, mas mal sabia ele que a tranquilidade não duraria mais 45 min, pois no intervalo da partida ele começa a ouvir uma gritaria vinda da rua, quando levantou para ver o que acontecia, notou sua grande esposa vindo em desespero para casa com um pano enrolado no braço.
Carlos rapidamente desceu as escadas da laje para abrir o pequeno portão que batia em sua cintura, sua esposa entrou correndo com um olhar de espanto e nojo ao mesmo tempo.
- Ele me mordeu
- Quem te mordeu mulher?
- Um mendigo todo esfarrapado, sujo de sangue e que fedia a morto, que nojo.
- Calma minha véia, a gente limpa isso rapidinho
E entrou com a Dona Mara para fazer o curativo, já no banheiro quando ele desenrolou o pano e viu que era uma bela mordida, pois aparentemente estava faltando um grande pedaço daquele braço gordo.
- Nossa amor, ele arrancou um bom naco do seu braço, vou ligar para nosso garoto, pois acho que terei que te levar para o hospital.
- Sem hospital, odeio ficar horas esperando para ser atendida naquele açougue.
Após ouvir a negativa de sua mulher, Carlos começou a fazer o curativo.
-- Como arde esse maldito mertiolate.
-- Calma minha redondinha antes de casar sara.
-- É porque não é o seu braço.
Mas por mais que Carlos jogasse o medicamento, a ferida era muito grande e o sangramento não estancava
--- Sinto em te informar, mas vamos ter que ir no hospital, não está dando jeito isso aqui não.
Após essas palavras, Dona Mara começa a arder em febre e desmaia.
-- Amor, amor, acorda. Eu sei que está doendo e que está bem feio isso, mas não apaga não.
E começa a dar uns tapas para que ela acordasse, mas não surtiu nenhum efeito.
-- Vou ter que ligar para o garoto vir ajudar.
Carlos começou a ligar para seu filho. Após algumas tentativas o telefone só chamava e caia na caixa de mensagens.
-- Que droga que ele não atende, vou ter que carregar ela sozinho.
 Ele tentou arrastar o corpo de sua amada, mas não aguentou os 160kgs nem por três metros.
- Vou ver se o Zé me ajuda.
E largou o corpo imóvel de sua obesa esposa na sala da pequena casa.
Ele foi até o vizinho que não estava em casa, mas ficou assustado ao ver que os nóias, que até era normal circularem por ali, estavam atacando qualquer pessoa que passava pela rua e ficou horrorizado com a cena de cinco deles em cima de uma senhora que volta da vendinha com uma sacola de compras. Carlos voltou correndo para sua residência, já em sua casa ele levou um susto ao ver que sua mulher não estava mais deitada na sala.
-- Marinha, onde você está.
E não houve uma resposta a não ser um gemido vindo da cozinha, ele vai até a cozinha e se depara com sua esposa comendo o cachorro da família.
--O que você está fazendo, ficou louca.
Dona Mara só olha para ele com o corpo do cachorro na mão e volta a enfiar os seus dentes no animalzinho que já estava morto. Em pleno desespero Carlos sai e tranca a porta da cozinha com medo de sua mulher.
- Ela enlouqueceu, como pode comer o bichinho?
Ele pega o celular e tenta ligar novamente para seu filho e novamente o telefone só chama e nada de atender ele continua tentando até que um barulho forte o fez largar o telefone. A porta da cozinha, que não era resistente, começou a ceder e a cada investida de sua mulher a porta fraquejava mais e mais.
- Se acalma amor
E conforme ele falava mais barulhos na porta ele ouvia
- Não pode ser a febre, ela estava desmaiada sem reação e de repente ela está almoçando o cão.
Quando ele ouve outro som, agora vindo de fora de sua casa, o portãozinho havia cedido e meia dúzia de nóias todos sujos de sangue invadem o quintal de Carlos que correu para trancar a porta.
- Saiam daqui seus merdas, vou chamar a polícia.
Mas aquela meia dúzia de esfarrapados sangrentos continuaram avançando em direção a porta de entrada da casa, Carlos corre para fechar a porta, mas não consegue já que um braço o impede, ele força a porta contra aquele braço até que escuta o estalo de osso quebrando, mas aparentemente isso não abalou o dono do braço. Ele continua forçando a porta até que o osso quebrado rasgue a péle e nada do que ele faça parece surtir efeito sobre o viciado, depois de tanto forçar a porta, o braço que já estava com a pele rasgada cai nos pés de Carlos e enfim ele consegue fechar a porta
-- Que droga esse povo está usando agora, eles não sentem dor, o mundo está acabando
O choque, o medo, o fedor de podre e o antebraço caído em sua frente, tomam conta de sua mente e só aumenta com os barulhos vindos da porta de entrada e da cozinha. Não há conversas, só grunhidos de ambos os lados, nada parece real, tudo chega a ser um grande pesadelo escrito e dirigido por Zé do Caixão, nesse estupor da mente Carlos só consegue pensar em ligar para seu filho, mas como antes só da caixa de mensagem.
-- Não é possível o Cleiton não atende a uma ligação.
Em meio a seu tumulto mental ele não percebe que a porta da entrada está prestes a ceder com a preção feita pelos nóias e a da cozinha não está diferente. Mas sua mente volta ao normal ao ouvir um grito de Gol vindo da laje, ele em um sentido visceral corre para seu quarto que fica no segundo andar de seu sobrado.
Já dentro do quarto, Carlos ouve uma das portas estourarem e o grunhido junto com um cheiro de carne podre, pior que mil ratos mortos, tomarem sua residência, ele se tranca em seu quarto enquanto procura algo para sua defesa, já que esses drogados estão mais abusados e persistentes do que nunca, enquanto tentava achar seu porrete dentro do armário Carlos ouve a outra porta estourar, agora era a da cozinha e sua mórbida esposa com certeza havia derrubado a porta com seus leves 160kgs.
Os passos começam a tomar a escada, mas estranhamente nenhum deles vai em direção ao quarto e sim para a laje onde a tevê transmitia o jogo, dentro do armário ele se depara com seu antigo e principal inimigo, um maço de cigarro lacrado e um isqueiro.
-- Quer saber foda-se
Carlos ascende um cigarro e guarda em seu bolso, mas não acha seu porrete.
--Essa mulher deve ter jogado fora, só pode.
Mas a necessidade de se defender era maior, então ele enrola um cinto em sua mão direita deixando a grande fivela de rodeio pendurada a sua frente.
--Isso vai ter que servir  
Ao olhar pelo buraco da fechadura ele percebe um número bem maior de pessoas que invadiram sua casa, mas o fluxo que subia pela escada havia parado e todos eles se concentravam na laje. Carlos abre a porta, todos aqueles seres podres olham para ele e começam a caminhar lentamente em sua direção, ele acerta uma fivelada com violência em um corpo que estava tampando seu caminho, tão forte foi a pancada que arrancou o maquixilar da coisa que estava em sua direção.
Carlos desce correndo as escadas e vai direto para a cozinha, ela era pequena, mas dava tranquilamente para a familiar se reunir para uma refeição, ele vê muito sangue e só pedaços de pele de seu animalzinho destroçado.
-- Chega vou dar um basta nisso  
Ele joga a bituca de cigarro no chão e começa a puxar o fogão, o barulho de corpos caindo pela escada não intimida seu plano, já com o fogão virado de lado ele puxa a mangueira do gás e deixa ele se espalhar pela cozinha. Carlos se senta em um canto, faz uma barricada com a mesa e acende outro cigarro esperando os seres podres invadirem sua cozinha, mas para seu espanto sua esposa gorda e agora com uma coloração cinza é a primeira a entrar seguida por diversas outras pessoas.
Carlos se levanta com o cigarro em uma mão e o isqueiro em outra e fala.  
-- Vem meu amor, vem me dar um último beijo.
 Quando a criatura enorme se próxima, ele dá um último trago, joga o cigarro fora e faz um bico para receber o beijo, sua esposa o agarra e ele a abraça, mas em vez de dar um beijo ela arranca parte de seus lábios. Já com a boca sangrando ele grita
-- Vamos juntos meu amor.
 E risca o isqueiro para um grande espetáculo de fogos.





terça-feira, 20 de outubro de 2015

                                       Contos de sampa midnight

                                                            48 horas

O ambiente era apertado, mas Cleiton não era exatamente um homem grande, com menos de um metro se sessenta e cinco centímetros de altura, ele conseguia se esticar com folga no chão do banheiro, como só ele estava lá, o chão estava limpo e não fedia a latrina. Acordado por um raio de sol que começou a esquentar o seu rosto, ele já não escutava mais gritos e nem os gemidos que antes dominavam o andar da empresa de telemarketing para a qual trabalhava.
O estado de choque por causa dos minutos arrepiantes e surreais já passara, não sentia mais náuseas por causa do cheiro de sangue e de carne putrefata ou pelo menos era o que ele achava, o sol estava entrando pela pequena janela lateral de onde Cleiton conseguia ver um pedaço mínimo da rua, com sorte ele conseguia enxergar uns dez metros de calçada e parte de uma piscina do condomínio ao lado.
--   Caralho como eu sou cuzão, eu poderia ter deixado pelo menos uma pessoa entrar. E os pensamentos negativos pela forma como ele segurou a porta evitando que seus colegas de trabalho se salvassem assim como ele.
-- E minha família, como está? eu esse bostinha não consegui nem pensar neles , sou um filho de uma puta egoísta.
E motivado por esse pensamento, ele resolve abrir a porta e encarrar o mundo. Antes de sair Cleiton enche sua garrafa com água da torneira e pega a parte de cima da privada onde fica o botão de descarga para usar caso ele seja atacado pelos canibais que invadiram o prédio. Ele estava no sétimo andar, no dia a dia não era muito, mas diante aquela situação parecia ser o centésimo andar. Cleiton abre a porta do banheiro e aquele barulho característico de uma porta abrindo se espalhou pelo andar , A visão parecia muito com as de um filme de guerra após uma grande batalha, sangue e pedaços de corpos espalhados compunham o ambiente como os computadores e read-fones faziam em sua rotina, após os primeiros passos ,Cleiton voltou a sentir o enjoo  e não conseguiu se segurar espalhando bílis por cima das partes mortais que estavam irreconhecíveis , poderia ser uma perna feminina ou um braço masculino.
Em total silencio Cleiton segue até a porta mais próxima para o hall do andar, que se encontra totalmente vazio a não ser pelas poças de sangue no chão e diversas marcas com manchas vermelhas na parede e na porta da escada de emergência. Cleiton aperta o botão para chamar o elevador mas repara que o prédio está sem luz e sua única saída era a escada. Sem gostar muito da ideia Cleiton abre a porta da escada, que está totalmente escura. Um arrepio repentino sobe por sua espinha ao notar a escuridão que tomava os sete andares que lhe restavam para descer. Sem muitas opções ele começa a descida, que ele fizera por anos, mas agora era diferente, com passos leves, logo ele estava no meio do sexto andar para o quinto, quando o silencio na escuridão é quebrado por um gemido - AHURGGGG.
- Caralho que merda é essa, parece vir de alguns andares a cima.
- Ei tudo bem?
- AHURGGG, AGHURRRRRR
- Parece mais de uma pessoa, esse gemido pareceu bem feminino.
Em um misto de medo e agonia, Cleiton tenta se encorajar a subir a escada.
- Calma eu vou ajudar vocês.
Os gemidos parecem se aproximar, quando um barulho de algo rolando pelas as escadas começa a ficar cada vez mais alto e cada vez mais alto e de repente com os seus olhos quase acostumados a escuridão, Cleiton só tem tempo de tirar o corpo da frente, do que parecia ser um homem rolando a escada, após mais alguns andares ouviu o corpo bater forte contra a porta do térreo.
--O cara se matou nessas
Cleiton acelera sua decida para ver se o que aconteceu com o homem, ao aproximar-se do térreo, ele escuta outro gemido vindo do corpo arrebentado.
- Ele está vivo, mas deve ter se quebrado todo.
Ao ver o corpo todo torto, com a cabeça praticamente envolta em sua perna esquerda, Cleiton sabe que o cara teve uma fratura na coluna, no estado em que o corpo estava não precisa ser nenhum médico para ver isso.
-Calma amigo eu vou ajudar.
Com a perna direta o homem começa a arrastar-se em direção de Cleiton.
- Para cara, vai piorar sua situação.
Quando Cleiton chega próximo ao homem que vestia uma camisa de botões branca com uma mancha vermelha bem na parte do baço e uma calça de linho preta. O corpo destruído agarra sua perna com força e sem sucesso tenta levar sua boca em direção a canela de Cleiton, mas seu pescoço quebrado não permite tal movimento.
- Me larga cara, o que você tá fazendo? Me larga porra, tá machucando.
Ao ver que o homem não soltava sua perna e continuava sua inútil luta de levar sua cabeça a canela de Cleiton.  Cleiton puxa a perna, mas o homem não à solta, então Cleiton pisa em cima do braço do moribundo no chão e consegue tirar sua perna das garras do ser que estava no chão.
Os gemidos estavam quase a um andar quando Cleiton resolve não pagar para ver.
- A que se foda, eu acho que esse cara é um dos canibais, vai saber se essas pessoas que estão descendo também não são do mesmo jeito.
Pulando o corpo que estava em sua frente, ele abre a porta que o separa do hall de entrada do prédio, com a iluminação do dia, Cleiton vê que o homem estava tão ensanguentado que ficara uma marca de sangue por onde o corpo se arrastou e antes que pudesse fechar a porta uma mulher  de aparentes um metro se setenta e cabelos negros vestindo um terno feminino muito chique, mas era difícil dizer qual idade tinha com metade da pele do rosto arrancada como se tivesse sido puxada por um alicate , não era um corte cirúrgico ,os nervos e músculos estavam expostos e seu globo ocular direito parecia que iria saltar a qualquer momento, começou a ir em sua direção . Cleiton, em estado de choque, fechou a porta e parou para respirar e pensar sobre o que vira alguns instantes estantes
-Puta que pariu, o cara estava todo zoado e ainda sim se arrastou por volta de um metro e essa tia   com o rosto todo fudido estava como se nada tivesse acontecido.
Quando ele escuta um tapão na porta contra incêndio da escada, e outro tapa, ele se afasta da porta e vê a maçaneta reta da porta baixar, a mulher sem rosto começa a sair e ir em direção ao rapaz.
- Olha, minha senhora, o máximo que eu posso fazer e chamar um médico.
-AHGURRRRRRR
-Não chega perto, eu to avisando, fica aí que eu vou chamar um resgate, fica ai porra.
A mulher reage como uma planta reagiria a um grito e continua indo em direção a Cleiton, ele levanta a parte da cerâmica que pegou da privada e a posiciona como um porrete.
- Eu vou bater com isso na senhora
Que por sua vez continua ignorando os avisos e chega perto o bastante para agarrar Cleiton com as duas mãos, em um reflexo Cleiton acerta a tampa da descarga na cabeça da executiva, o olho direto salta com a pancada e a mulher que cai sem mais nenhum movimento.
-Porra agora fodeu, matei a filha da puta, o olho dela rolou uns vinte metros pelo hall, mas eu avisei a ela.
Em meio aos lamentos Cleiton nota a porta de incêndio se abrir de novo.
-Eu que não vou ficar para ver o que vem por aí. E vai em direção a saída, são duas portas de vidro, mas parece que alguém ou alguma coisa passou pelo meio da porta da esquerda sobrando só os vidros quebrados da parte de cima
Sem pensar duas vezes Cleiton atravessa a porta e sai para rua, tudo estava aparentemente normal, a rua vazia, mas para um domingo era de se esperar. Ele ´vai até o ponto de ônibus, já que sua casa ficava a mais ou menos uma hora de caminhada.
Já no ponto, pela primeira vez no dia Cleiton lembra-se de seu celular, quando ele olha a hora outra coisa lhe chamou a atenção, e não era por ser sete e meia da manhã, mas por ser sete e meia do amanhã da segunda feira e mais de cinquenta ligações não atendidas -- Eu apaguei dois dias, e meu pai me ligou freneticamente, após isso Cleiton tenta repetidamente ligar para casa e o telefone ó chama e o celular de seu pai só dá caixa postal direto. O que será que está de fato acontecendo, ninguém atende e para uma segunda está tudo muito parado, após meia hora esperando pela condução, Cleiton percebe que não terá condução, muito menos um taxi, e se ele quiser chegar em casa será a pé.
--Bom vamos lá, uma horinha de caminhada e eu to em casa.
Cleiton começa seu caminho voltando pela rua de seu trabalho, já quase na metade da rua ele nota um acidente de carro, pelo que parece alguém estava muito rápido e a rua onde ele trabalhava era longa mas estreita de modo que só um carro passava apesar da rua ser mão dupla. Após notar vários amassados e riscos nos carros que estavam estacionados na rua, Cleiton se aproxima do acidente e menos de dez metros do carro, nota um movimento dentro do veículo.
Ao se aproximar, uma criança dá um forte tapa no vidro ensanguentado, era uma menina negra com os cabelos começando a formar um Black Power idade aparente de sete a nove anos, a menininha começa a esfregar seu rosto freneticamente no vidro traseiro do que parecia um gol bolinha, pela força que ela fazia dava a impressão que iria arrancar o vidro com a cabeça, e ela continuou a esfregar e a bater a cabeça no vidro como um animal preso.
Após alguns segundos olhando para aquela cena de filme de terror, Cleiton ouve algo se movendo atrás dele , quando  vira e vê três pessoas, a mais ou menos cinquenta metros, andando com extrema dificuldade em sua direção , um era um rapaz sem camisa com diversas lacerações pelo tronco, vestindo com um calção preto e meiões vermelhos como se tivesse saído de uma partida de futebol no inferno, o outro um senhor alto e calvo aparentando uns cinquenta anos vestindo uma saída de banho e a terceira era uma senhora com seus setenta anos, óculos pendurados no pescoço, cabelos brancos e sem um pedaço do braço direito.
Cleiton em um impulso humano começou a correr, após ver o trio que se aproximava- Porra está todo mundo louco nessa merda.- Ele saiu em disparada meio atordoado por tudo que estava acontecendo. Passou correndo pelo meio dos bancos de uma pracinha próxima e continuou correndo por mais de cem metros pela rua de baixo e só quando parou para respirar notou como estava a rua. O posto de gasolina vinte e quatro horas havia explodido e levado o quarteirão com ele, ainda saia fumaça do enorme buraco que abriu, os comércios estavam praticamente todos fechados, exceto por uma loja de roupas, com todas as vitrines quebradas
Ele teria que contornar a rua, já que aquele era seu caminho, mas não conseguiu ignorar o fato de ver aquela jaqueta que tanto quis, ali solta em um manequim e ninguém em um raio de quilômetros para ver ele pegar seu sonho de consumo para o final daquele mês. Não se conteve e foi em pegar seu tão querido Jacó, tirou com todo o cuidado do manequim, mas na hora que experimentou teve uma surpresa, o maldito jaco ficou muito grande em seu corpo, a loja estava vazia então Cleiton resolveu entrar para procurar um do seu número, já que não teria outra oportunidade te ter uma peça quem nem essa e de graça. Já dentro da loja ele começa a procurar pela vestimenta, mas estava uma zona de roupas, camisetas, bermudas e calças jogadas pelo chão, três gondolas contento peças intimas bloqueavam o caminho de uma porta.
-       Essa parada deve estar no estoque, que deve ser atrás dessa porta.
E começou a tirar as gondolas do caminho, quando ele puxou a última gondola a porta se abriu e viu uma mulher de seus aparentes 55 anos com uma arma na mão apontando direto em sua cabeça.
-       Fala desgraçado, fala alguma coisa.
-       Ok eu falo, respondeu Cleiton.
A mulher meio tremula fica olhando diretamente nos olhos de Cleiton, foram segundos, mas pareciam horas. Até que ouve uma voz masculina vindo do fundo da sala.- Traz ele para cá.
Ao ouvir isso a mulher que continua apontando a arma recua e abre espaço para a passagem de Cleiton, que meio ressabiado hesita em passar pela porta
-       Anda logo, se mais daquelas coisas voltarem estamos mortos.
Cleiton então se apressa e passa pela porta que é fechada rapidamente pela mulher. Dentro da sala que mais parecia uma cozinha para funcionários se encontram 4 pessoas. Três mulheres com as camisas de vendedoras da loja e um senhor de idade aparentando seus 65 anos, todos estavam fedendo a suor assim como o cômodo.
-       O que vocês estão fazendo aqui? Pergunta Cleiton
-       Estamos nos escondendo ou você ainda não percebeu o que aconteceu?
-       O que aconteceu?
-       Você é meio lento né? Já pode soltar esse pedaço de privada na mão.
De tão tenso que estava, Cleiton não notou que ainda segurava sua arma improvisada na mão  
-       O mundo acabou, tudo o que você conhece acabou.
-       Pare de assustar o rapaz, ele parece perdido.
-       Mas é a porra da verdade Sr. Paulo.
-       Estou tentando voltar para minha casa, preciso falar com meus pais, eles ligaram mais de 50 vezes.
-       E porque você não atendeu?
-       Eu estava desmaiado dentro de um banheiro.
-       Você deve sorte, se não tivesse desmaiado já estaria morto ou pior vagando por aí sem rumo, como essas coisas fazem.
DUM DUM DUM.
Todos pulam para trás ao ouvir as batidas vindas de outra porta que dava para o estoque
-O que é isso – pergunta Cleiton
- É, minha senhora, responde Paulo.
- E porque ela está trancada aí?
- Ela foi mordida por um cliente que não queria roupas.
- E daí que ela foi mordida?
- E daí que ela veio a falecer
- Mas ela não parece estar morta
- Sim e esse é o problema, eles levantam e com fome, fome de carne humana.
 - Tá mais eu tenho que voltar para minha casa meu pai e minha mãe já devem estar preocupados.

- Não filho, seu pai e sua mãe já devem estar mortos.
Bem estou estreando este blog de contos e de uma futura saga chamada Sampa Midnight, que tem como ponto diferencial o apocalipse zumbi de um ponto de vista brasileiro, onde os muros são altos e fortes e as armas estão em mãos seletas, a ideia surgiu depois de estar cansado de só ver o lado norte americano do apocalipse quando muito um ou outro filme  inglês, sei que há diversas obras sobre o assunto em português, mas o objetivo aqui é e aprofundar no assunto já que as reações acima de tudo são humanas. O nome SAMPA MIDNIGHT, refere-se diretamente ao músico Itamar Assumpção, esse é o nome de um dos Albúns gravados pelo artista que retratava muitos assuntos em seus sons inclusive o cotidiano animado e violento da capital paulista.